Brasil assume presidência do G20 com foco em reformas globais e desenvolvimento sustentável

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Última atualização:  01 de dez, 2023 às 12:03
Brasil assume presidência do G20 com foco em reformas globais e desenvolvimento sustentável

Nesta sexta-feira (1), o Brasil inicia sua presidência rotativa no G20, que reúne os 19 países mais industrializados do mundo, além da União Europeia e da União Africana. É a primeira vez que o país assume a liderança desse bloco no formato atual, e o mandato se estenderá até 30 de novembro de 2024.

O governo brasileiro considera o comando do bloco uma oportunidade chave para ampliar a projeção internacional durante a terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O lema brasileiro, conforme sintetizado pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante a abertura da Comissão Nacional do G20, é: “Se o ano de 2023 marcou o retorno do Brasil ao mundo, 2024 será o ano em que o mundo voltará ao Brasil”.

Dentre os objetivos de Lula no cargo, destaca-se a busca por mudanças nos organismos de governança mundial, como a ONU (Organização das Nações Unidas), e instituições financeiras internacionais, incluindo o FMI (Fundo Monetário Internacional). Lula expressa preocupações frequentes em relação às atuais regras de empréstimo para países em desenvolvimento e à falta de consenso entre as nações sobre questões atuais, como os conflitos no Oriente Médio e na Europa.

No início do atual governo, Lula almejava se posicionar como um dos principais líderes globais capazes de articular a resolução de conflitos. Contudo, fatores como declarações controversas resultaram em sua marginalização nas conversas entre líderes internacionais.

A presidência do G20 também oferece uma vantagem logística para Lula, que planeja reduzir suas viagens internacionais em 2024 para concentrar-se nas ações internas. O presidente pretende visitar todos os estados do Brasil para acompanhar obras e ações do governo federal.

Brasil no G20

O Brasil, durante sua gestão no G20, dará prioridade a questões como o combate à fome, pobreza e desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e a reforma da governança global. Estão previstas mais de 100 reuniões técnicas e conferências ministeriais ao longo do ano, concentrando-se no Rio de Janeiro, mas com eventos em diversas regiões do país. A 19ª cúpula de chefes de Estado está agendada para 18 a 19 de novembro de 2024, na capital fluminense.

A Comissão Nacional do G20 foi instalada em 23 de novembro em cerimônia no Palácio do Planalto, com a participação de Lula. No G20, destacam-se duas faixas de atuação interligadas: a Trilha de Sherpas, supervisionada pelo diplomata Maurício Lyrio, e a Trilha de Finanças, coordenada por Tatiana Rosito. Lula simbolicamente recebeu a presidência do G20 em setembro do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a 18ª Cúpula de Líderes do G20 em Nova Délhi.

Na ocasião, Lula também fez uma declaração polêmica em entrevista à jornalista indiana Palki Sharma, do Firstpost, afirmando que, se o presidente russo Vladimir Putin visitar o Brasil, não será preso. Isso ocorreu após a condenação de Putin pelo Tribunal Penal Internacional em março de 2023. Lula, posteriormente, criticou a adesão do Brasil ao TPI, sugerindo uma possível revisão.