Trump processa BBC e pede indenização de até US$ 10 bilhões por edição de discurso

Donald Trump entrou com uma ação judicial contra a BBC pedindo até US$ 10 bilhões em indenização, acusando a emissora de editar de forma enganosa um discurso feito antes da invasão do Capitólio em 2021.

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Última atualização:  16 de dez, 2025 às 16:52
Close do rosto de Donald Trump Foto: Mark Schiefelbein/ AP

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump processa a BBC e pede uma indenização de até US$ 10 bilhões, acusando a emissora pública do Reino Unido de difamação por editar de forma enganosa um discurso feito antes da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. A ação judicial abre uma nova frente internacional no embate de Trump contra veículos de imprensa que, segundo ele, distorcem suas declarações e prejudicam sua imagem pública.

O processo foi protocolado na segunda-feira, em um tribunal federal de Miami, e sustenta que a edição do conteúdo pela BBC levou o público a acreditar que Trump incentivou diretamente atos violentos contra o Congresso dos EUA. O ex-presidente afirma que a emissora omitiu trechos relevantes do discurso, alterando seu sentido original.

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Segundo a ação, a BBC exibiu partes específicas do discurso de Trump, incluindo o momento em que ele pediu aos apoiadores que marchassem até o Capitólio e utilizou a expressão “lute como o inferno”. No entanto, a emissora teria excluído um trecho em que Trump afirmou que o protesto deveria ocorrer de forma pacífica e respeitando a lei.

Para a defesa, essa edição seletiva criou uma narrativa enganosa, sugerindo que Trump fez um apelo direto à violência. É com base nesse argumento que Trump processa a BBC, alegando que a prática causou danos severos à sua reputação política e pessoal, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.

Como a ação está estruturada na Justiça americana

O processo apresentado no tribunal da Flórida reúne duas acusações principais. A primeira é de difamação, pela forma como o discurso foi editado e apresentado ao público. A segunda envolve a suposta violação de uma lei da Flórida que proíbe práticas comerciais enganosas e injustas.

Trump pede US$ 5 bilhões em indenização para cada uma das acusações, totalizando US$ 10 bilhões. De acordo com o texto da ação, mesmo após reconhecer o erro, a BBC não teria adotado mudanças institucionais para evitar novas falhas editoriais semelhantes.

Posição da BBC sobre o processo

A BBC informou, por meio de um comunicado, que irá se defender judicialmente, mas não fará comentários adicionais enquanto o caso estiver em andamento. A emissora já havia se desculpado publicamente, reconhecendo que a edição do vídeo resultou em uma impressão equivocada sobre o teor do discurso.

Apesar do pedido de desculpas, a BBC sustenta que não existe base legal para o processo. A empresa argumenta que a correção foi feita de forma transparente e que o erro editorial não configura difamação nos termos da lei.

Repercussão política no Reino Unido

O caso também gerou reações no cenário político britânico. O ministro Stephen Kinnock afirmou que a BBC agiu corretamente ao reconhecer o erro, mas reforçou que não há fundamento jurídico para a ação movida por Trump.

Segundo ele, insistir na indenização não se justifica do ponto de vista legal, especialmente após a emissora ter assumido publicamente a falha. A declaração foi dada em entrevista à Sky News e reforça o respaldo institucional à BBC no Reino Unido.

Argumentos da equipe jurídica de Trump

Em nota, um porta-voz da equipe jurídica afirmou que a BBC possui um histórico de cobertura enganosa sobre Trump e que isso faria parte de uma agenda política ideológica. Para os advogados, o pedido de desculpas não foi acompanhado de mudanças reais nos processos editoriais da emissora.

O documento judicial afirma ainda que Trump processa a BBC não apenas para buscar reparação financeira, mas também para coibir práticas jornalísticas que considera abusivas, especialmente em um contexto de influência global da mídia internacional.

Impacto financeiro e institucional da ação

A BBC é financiada majoritariamente por uma taxa obrigatória paga pelos telespectadores britânicos, o que torna qualquer eventual indenização politicamente sensível. No último ano fiscal, a emissora registrou receita total de 5,9 bilhões de libras, incluindo arrecadação comercial.

Analistas avaliam que, mesmo que o processo não avance, o caso pode aumentar o debate sobre responsabilidade editorial, liberdade de imprensa e limites da edição de conteúdo político.

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