Israel adia retorno ao norte de Gaza após acusação de descumprimento de acordo pelo Hamas

Israel adiou o retorno de palestinos ao norte de Gaza depois de acusar o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo ao não libertar a refém civil Arbel Yehud.

imagem do autor
27 de jan, 2025 às 05:30
Israel adia retorno ao norte de Gaza após acusação de descumprimento de acordo pelo Hamas Israel adia retorno ao norte de Gaza após acusação de descumprimento de acordo pelo Hamas

Após a libertação de quatro soldados israelenses que estavam reféns do Hamas por mais de 400 dias, o governo de Israel anunciou o adiamento da permissão para o retorno de palestinos deslocados ao norte de Gaza. A decisão vem após o Hamas não cumprir integralmente os termos de um acordo de cessar-fogo, deixando de libertar a refém civil Arbel Yehud, conforme prometido. As autoridades israelenses reafirmaram que a devolução da prisioneira será essencial para permitir o retorno dos palestinos à região.

O anúncio do adiamento foi feito pelo governo de Israel no sábado, logo após a libertação das quatro militares israelenses, que haviam sido feitas reféns do Hamas desde 2023. O governo de Benjamin Netanyahu acusou o grupo armado de violar o acordo de cessar-fogo ao não liberar Arbel Yehud, uma refém civil, como estava estipulado. Yehud foi sequestrada durante o ataque de 7 de outubro de 2023, quando foi feita refém junto com seu namorado, Ariel Cunio. Durante o ataque, seu irmão, Dolev Yehud, foi morto, e seus restos mortais foram identificados pelas forças israelenses em junho de 2024.

Israel indicou que não permitirá o retorno de palestinos ao norte da Faixa de Gaza até que os termos do acordo sejam cumpridos, e a libertação de Yehud seja confirmada. A medida visa pressionar o Hamas a liberar todos os reféns, incluindo a jovem de 29 anos, que segue sem previsão definida para sua devolução, apesar de informações preliminares sobre sua libertação na próxima semana.

A libertação das quatro soldados, que haviam sido mantidas reféns por 477 dias, foi um momento de alívio para Israel. Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag foram libertadas neste sábado em uma operação que marcou um passo importante nas negociações entre o governo israelense e o Hamas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu usou sua conta no X (antigo Twitter) para celebrar a libertação das soldados, dizendo que continuará a trabalhar para a devolução de todos os reféns, tanto os vivos quanto os mortos.

A libertação das militares foi vista como um marco, mas também evidenciou as complexidades e os desafios envolvidos nas negociações com o Hamas. Apesar de ter conseguido garantir a soltura das quatro, o governo de Israel permanece firme na exigência de que todos os reféns sejam devolvidos, especialmente Arbel Yehud, cuja situação continua a gerar incerteza.

Arbel Yehud: A situação da refém civil

Arbel Yehud, cujas circunstâncias de captura são particularmente trágicas, tem sido uma das figuras centrais nas discussões sobre o futuro das negociações. A jovem foi sequestrada durante um ataque ao Kibutz Nir Oz, no sul de Israel, onde vivia com seu namorado. A falta de informação concreta sobre sua condição física levou a especulações sobre sua morte, mas uma fonte do Hamas afirmou à BBC que Yehud está viva e será libertada na próxima semana, juntamente com um novo grupo de reféns. Essas informações, se confirmadas, podem aliviar a tensão entre os envolvidos nas negociações, mas a situação permanece incerta.

O caso de Yehud destaca as dificuldades da negociação de reféns em cenários de conflito prolongado, onde as promessas podem ser quebradas e os interesses das partes envolvidas muitas vezes se chocam.

Liberação de prisioneiros palestinos e impactos da operação

Enquanto a situação de Yehud permanece em suspense, o governo de Israel também anunciou a liberação de 200 prisioneiros palestinos, como parte de um acordo com o Hamas. Entre os libertados, havia prisioneiros com condenações graves, incluindo aqueles que haviam sido sentenciados à prisão perpétua. Esses prisioneiros foram transferidos para o Egito, de onde serão deportados para países vizinhos, como Catar e Turquia.

Desses 200 palestinos libertados, pelo menos metade poderá retornar para suas casas na Cisjordânia. Contudo, a liberação dos prisioneiros tem gerado controvérsias, com alguns observadores questionando a política de Israel em relação aos prisioneiros de guerra e aos acordos de paz com o Hamas.