EUA anunciam novas sanções contra o petróleo venezuelano e ampliam cerco à família de Maduro

Os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra o petróleo venezuelano e membros da família do presidente Nicolás Maduro.

imagem do autor
15 de dez, 2025 às 19:15
Imagem de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, durante uma cerimônia oficial, usando terno azul e uma faixa presidencial nas cores da bandeira venezuelana. Foto: Getty Images

Os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra o petróleo venezuelano e integrantes da família do presidente Nicolás Maduro, em mais um movimento para restringir as fontes de receita do governo de Caracas. As medidas, divulgadas na última quinta-feira (11), incluem punições a empresas de transporte marítimo, familiares da primeira-dama venezuelana e uma tentativa inédita de apreensão de uma carga de petróleo avaliada em cerca de US$ 78 milhões.

A decisão ocorre em meio ao endurecimento da política americana em relação à Venezuela e à tentativa de reforçar o isolamento econômico do país, acusado por Washington de burlar sanções internacionais e manter vínculos com redes de contrabando e tráfico de drogas.

Leia também:

O novo pacote de sanções contra o petróleo venezuelano foi anunciado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e tem como principal objetivo dificultar o escoamento da produção do país, que depende quase exclusivamente da exportação de petróleo para obtenção de divisas.

Segundo autoridades americanas, as medidas buscam atingir a logística usada pelo governo de Nicolás Maduro para comercializar o petróleo no mercado internacional, apesar das restrições já existentes. A estratégia envolve bloquear empresas responsáveis pelo transporte marítimo e intimidar operadores dispostos a assumir riscos legais.

Empresas de transporte marítimo entram na lista de sanções

As sanções atingem diretamente seis empresas de transporte marítimo acusadas de participar do escoamento do petróleo venezuelano. Foram bloqueadas as companhias Myra Marine, Arctic Voyager, Poweroy Investment, Ready Great, Sino Marine Services e Full Happy.

Com a decisão, essas empresas ficam impedidas de realizar qualquer tipo de transação com entidades americanas ou com o sistema financeiro internacional que opere em dólares. Na prática, isso reduz drasticamente a capacidade de operação dessas companhias.

Tentativa de apreensão de carga de petróleo em alto-mar

Paralelamente às sanções, o governo dos Estados Unidos tenta obter autorização judicial para confiscar a carga de um petroleiro venezuelano interceptado em águas internacionais. O navio, batizado de Skipper, foi abordado por forças americanas na última quarta-feira (10).

Segundo a Casa Branca, o petroleiro transportava quase dois milhões de barris de petróleo bruto, carregados em um porto da Venezuela cerca de um mês antes da apreensão. O valor estimado da carga é de aproximadamente US$ 78 milhões, de acordo com dados da empresa de monitoramento Kpler.

Histórico do navio embasa ação inédita dos EUA

Autoridades americanas reconhecem que o uso de forças militares e policiais para tomar posse de um navio estrangeiro em alto-mar é uma medida incomum. No entanto, o Departamento de Justiça argumenta que o histórico do Skipper justificou a ação.

O navio já havia sido sancionado em 2022 por envolvimento no transporte de petróleo iraniano, o que permitiu a emissão de um mandado de apreensão da embarcação. Antes de ser interceptado, o Skipper realizou a transferência de cerca de 50 mil barris de petróleo para outro navio, o Neptune 6, em alto-mar, próximo à ilha de Curaçao.

O Neptune 6 segue atualmente em direção a Cuba, segundo dados de rastreamento marítimo, o que reforçou as suspeitas das autoridades americanas.

Familiares de Maduro também são alvos das sanções

Além do setor petrolífero, as novas sanções dos EUA atingem três sobrinhos da esposa de Nicolás Maduro, ampliando a pressão sobre o núcleo familiar do presidente venezuelano.

Dois deles já haviam sido presos em 2015 e condenados em 2016 nos Estados Unidos por tráfico internacional de drogas. Apesar de terem recebido clemência presidencial em 2022 e retornado à Venezuela, o Tesouro americano afirma que eles continuaram envolvidos em atividades criminosas após a libertação.

Para Washington, o envolvimento de familiares de Maduro com redes ilícitas reforça a necessidade de ampliar as sanções individuais.

Impacto econômico e reação do mercado de petróleo

Apesar do endurecimento das sanções contra o petróleo venezuelano, o impacto imediato nos preços internacionais foi limitado. O barril do petróleo americano permaneceu em torno de US$ 58, refletindo o fato de que a produção venezuelana representa menos de 1% do consumo global.

Analistas avaliam que, embora as medidas não provoquem choque imediato no mercado, elas tendem a dificultar ainda mais a recuperação econômica da Venezuela e reduzir a previsibilidade de suas exportações.

Para os Estados Unidos, o objetivo central é aumentar o custo político e econômico do governo Maduro, reforçando o isolamento internacional do país.

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin