Ibovespa fecha em queda com realização de lucros e aumento do risco eleitoral
O Ibovespa encerrou a quarta-feira em queda, pressionado pela realização de lucros após fortes ganhos em 2025 e pelo aumento das incertezas políticas em torno da eleição presidencial de 2026.
Imagem: Envato Elements
O Ibovespa fecha em queda nesta quarta-feira (17), refletindo um movimento de realização de lucros após a forte valorização acumulada ao longo de 2025 e o aumento das incertezas em torno do cenário político e da trajetória dos juros no Brasil e no exterior. O principal índice da B3 recuou em um pregão marcado por volatilidade, volume financeiro elevado e reprecificação de riscos, especialmente diante das discussões sobre a eleição presidencial de 2026.
O índice terminou o dia aos 157.327,26 pontos, após oscilar entre a mínima de 156.350,81 pontos e a máxima de 158.610,62 pontos. Apesar do desempenho negativo, o Ibovespa ainda acumula alta superior a 30% no ano, tendo superado recentemente a marca histórica de 165 mil pontos.
Ibovespa fecha em queda em dia de realização de lucros e maior cautela
O recuo do mercado acionário ocorreu em um contexto de maior cautela dos investidores, que optaram por embolsar ganhos diante da combinação de fatores domésticos e externos. Entre eles, destacam-se as dúvidas sobre o ritmo de flexibilização da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, além do aumento do prêmio de risco associado ao ambiente político brasileiro.
O volume financeiro negociado somou R$ 29,4 bilhões, impulsionado pelo vencimento de opções sobre o índice e de contratos futuros, o que ampliou a volatilidade ao longo do pregão. Esse movimento técnico contribuiu para oscilações mais intensas dos preços dos ativos.
Para entender como decisões de política monetária impactam o mercado acionário, veja também nossa análise sobre [a relação entre juros e Bolsa de Valores].
Cenário eleitoral de 2026 pressiona ativos e curva de juros
O ambiente mais defensivo foi reforçado pela abertura da curva de juros doméstica e pela valorização do dólar frente ao real. Investidores passaram a exigir prêmios maiores diante da leitura de que o avanço da candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência pode reduzir as chances de uma alternativa considerada mais alinhada às expectativas do mercado em 2026.
As preocupações aumentaram após a circulação de informações de bastidores indicando que o governador Tarcísio de Freitas tende a buscar a reeleição em São Paulo, enquanto Flávio Bolsonaro se colocaria como candidato ao Palácio do Planalto. A percepção predominante é de que esse cenário pode ampliar as incertezas fiscais no médio prazo.
Segundo analistas, a leitura de um ambiente político mais polarizado e com menor previsibilidade tende a impactar negativamente os preços dos ativos locais, sobretudo em um momento em que o mercado acompanha de perto a sustentabilidade das contas públicas.
Redução das apostas de corte da Selic em janeiro
A piora na percepção de risco teve reflexos diretos nas expectativas para a política monetária. Ao longo do dia, o mercado reduziu as apostas de um corte da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, na reunião de janeiro do Banco Central.
As probabilidades de uma redução de 25 pontos-base recuaram de cerca de 65% para pouco mais de 40%, segundo estimativas acompanhadas por casas de análise. Ainda assim, parte dos agentes avalia que um corte não está totalmente descartado, especialmente se houver avanços concretos no campo fiscal nas próximas semanas.
Para mais detalhes sobre o cenário de juros, confira nossa reportagem sobre [as perspectivas para a Selic em 2025].
Avanços no Congresso entram no radar do mercado
No campo fiscal, investidores também repercutiram a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de um projeto que reduz em 10% os benefícios fiscais federais para diversos setores e amplia a tributação sobre apostas esportivas e fintechs. O texto foi encaminhado ao Senado e pode ser votado ainda nesta semana.
Embora a medida seja vista como um sinal positivo de ajuste das contas públicas, analistas ponderam que seus efeitos práticos ainda precisam ser avaliados, especialmente em relação à arrecadação e ao impacto sobre setores específicos da economia.
Vale e Petrobras sustentam altas pontuais
Apesar do desempenho negativo do índice, algumas ações de peso ajudaram a limitar perdas mais amplas. A Vale registrou alta, beneficiada pela valorização dos contratos futuros de minério de ferro na China e pelo dólar mais forte, que tende a favorecer empresas exportadoras.
Suzano também avançou, seguindo a mesma lógica cambial, enquanto a Petrobras fechou em alta, acompanhando a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional.
Bancos e B3 lideram as quedas do dia
No sentido oposto, o setor financeiro exerceu forte pressão negativa sobre o Ibovespa. As ações de grandes bancos fecharam em baixa, refletindo tanto a abertura da curva de juros quanto o aumento da aversão ao risco. A B3 também teve desempenho negativo, penalizada pelo ambiente de maior volatilidade e incerteza.
Entre os destaques fora do setor bancário, empresas ligadas ao consumo e à construção civil apresentaram desempenho misto, com investidores ajustando posições diante de avaliações mais cautelosas sobre crescimento e valuation.
Maiores altas do índice Ibovespa hoje
| Ticker | Variação | Preço Atual |
|---|---|---|
| BRAV3 | +3.69% | R$ 14,60 |
| SUZB3 | +1.78% | R$ 49,79 |
| RECV3 | +1.54% | R$ 10,57 |
| BRAP4 | +1.35% | R$ 21,70 |
| VALE3 | +1.27% | R$ 70,17 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje
| Ticker | Variação | Preço Atual |
|---|---|---|
| VIVA3 | -5.10% | R$ 32,76 |
| PSSA3 | -4.41% | R$ 47,01 |
| DIRR3 | -4.26% | R$ 14,37 |
| ASAI3 | -3.78% | R$ 7,39 |
| RENT3 | -3.73% | R$ 43,61 |
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
| Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
| 🇧🇷 Bovespa | 157.327 | -1.251 | -0,79% |
| 🇧🇷 USD/BRL | 5,5060 | 0,0000 | 0,00% |
| 🇺🇸 S&P 500 | 6.721,51 | -78,75 | -1,16% |
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