Produção industrial brasileira cresce pouco em abril e acende alerta sobre recuperação do setor
A produção industrial brasileira registrou um crescimento tímido de 0,1% em abril de 2025, segundo dados do IBGE.
A produção industrial brasileira avançou apenas 0,1% em abril de 2025 em comparação com março, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do leve crescimento, especialistas e entidades do setor alertam para a fragilidade da indústria nacional, que segue distante de uma trajetória sólida de retomada.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destaca que a indústria ainda opera cerca de 14% abaixo do pico histórico registrado em 2011. O desempenho modesto, aliado à falta de políticas de estímulo e aos desafios macroeconômicos, contribui para um cenário de desconfiança entre os empresários, que permanece negativo pelo quinto mês consecutivo.
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Indústria segue estagnada: crescimento marginal esconde entraves estruturais
A leve alta na produção industrial brasileira em abril não foi suficiente para alterar o panorama de estagnação que marca o setor há mais de uma década. A Firjan atribui o fraco desempenho a uma combinação de fatores: juros ainda elevados, instabilidade no cenário internacional e ausência de reformas estruturais.
Além disso, a federação critica as recentes tentativas do governo federal de aumentar a carga tributária sobre a indústria como forma de recompor receitas públicas. Para a entidade, isso apenas reforça o esgotamento do atual modelo fiscal, que penaliza o setor produtivo em vez de incentivá-lo.
Esse cenário ajuda a explicar por que a confiança da indústria não mostra sinais de recuperação, mesmo com variações positivas pontuais. A percepção é de que, sem mudanças significativas no ambiente econômico e político, o setor continuará enfrentando dificuldades para retomar seu protagonismo no crescimento do país.
Resultado anual revela desaceleração e fim de ciclo de crescimento
Na comparação com abril de 2024, a produção industrial brasileira registrou uma queda de 0,3%. Essa retração interrompe uma sequência de dez meses consecutivos de crescimento e confirma a desaceleração observada ao longo do primeiro trimestre deste ano.
Segundo análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), esse movimento reforça os sinais de enfraquecimento da atividade industrial. A reversão da tendência de alta liga um alerta sobre a sustentabilidade da recuperação econômica iniciada em 2024, especialmente diante da falta de estímulos consistentes ao investimento produtivo.
Transformação e bens de consumo lideram as perdas em abril
Entre os segmentos analisados, a indústria de transformação apresentou um recuo de 0,5% na comparação mensal e de 2% frente ao mesmo mês do ano passado. No caso dos bens de consumo, o desempenho foi ainda mais negativo: retração de 1,6% ante março e de 4,2% na base anual.
Esse cenário foi agravado por dois fatores principais: a queda na demanda das famílias, impactadas pela alta do custo de vida, e condições climáticas adversas, que afetaram cadeias produtivas importantes. Esses elementos combinados pressionaram a oferta e reduziram o dinamismo em setores relevantes da economia.
Setores mais afetados: alimentos, bebidas e combustíveis
Os segmentos que mais contribuíram para o desempenho negativo foram:
- Alimentos e bebidas para consumo doméstico, com queda de 3,2%;
- Combustíveis, que registraram expressiva retração de 9,2%.
Esses números revelam uma pressão significativa sobre áreas diretamente ligadas ao consumo das famílias, evidenciando uma mudança nos padrões de gasto e consumo, além de desafios logísticos e operacionais enfrentados por empresas do setor.
Bens intermediários e de capital mostram resiliência pontual
Apesar do cenário predominantemente negativo, houve desempenho positivo em alguns nichos da produção industrial brasileira. Os bens intermediários e os bens de capital apresentaram resultados mistos, com destaque para os seguintes setores:
- Têxteis: +10,1%;
- Defensivos agrícolas: +19,4%;
- Siderurgia: +7,3%.
Esses dados indicam que, embora haja dificuldades generalizadas, alguns segmentos mantêm competitividade e conseguem avançar, especialmente aqueles ligados à exportação ou ao agronegócio. No entanto, o recuo de 3,3% na produção total de bens de capital em abril aponta uma possível tendência de acomodação nos investimentos produtivos — um fator preocupante para o futuro da economia nacional.