Ações da Tesla despencam após embate público entre Elon Musk e Donald Trump

As ações da Tesla caíram mais de 9% após um confronto público entre Elon Musk e Donald Trump sobre uma reforma tributária que pode eliminar créditos fiscais para veículos elétricos.

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05 de jun, 2025 às 15:30
Elon Musk rindo com a bandeira dos Estados Unidos ao fundo, em cena relacionada às ações da Tesla que despencaram após embate público com Donald Trump.

As ações da Tesla registraram uma forte queda nesta quinta-feira (5), após um embate direto entre o CEO da empresa, Elon Musk, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A troca de acusações em público elevou a tensão entre dois dos nomes mais influentes da política e da tecnologia global, gerando instabilidade entre os investidores. A crise se agravou devido à proposta de reforma tributária liderada pelos republicanos, que ameaça retirar incentivos fiscais vitais para a indústria de veículos elétricos.

Conflito entre Musk e Trump derruba ações da Tesla

A Tesla (TSLA34) viu suas ações caírem mais de 9% no pior momento do pregão desta quinta-feira, refletindo o impacto da instabilidade política sobre as expectativas do mercado. O estopim da crise foi uma declaração de Donald Trump, que afirmou estar “muito decepcionado” com as críticas de Musk à nova proposta tributária. O bilionário respondeu de maneira contundente nas redes sociais, acusando o presidente de “ingratidão” e desinformação.

O foco do desentendimento gira em torno de mudanças fiscais propostas pelos republicanos, que eliminariam até o final deste ano os créditos fiscais de até US$ 7.500 concedidos a compradores de veículos elétricos. Esses incentivos foram fundamentais para impulsionar as vendas da Tesla nos Estados Unidos, e seu fim pode causar um impacto direto no desempenho financeiro da companhia.

Impacto financeiro direto preocupa investidores

De acordo com uma análise divulgada pelo JPMorgan, o fim antecipado desses créditos pode comprometer até US$ 1,2 bilhão do lucro anual da Tesla. Somado a outros projetos legislativos em tramitação no Congresso, os riscos fiscais colocam em xeque aproximadamente metade dos mais de US$ 6 bilhões que o mercado espera de lucro operacional da empresa para este ano.

Um projeto aprovado recentemente pelo Senado norte-americano impõe restrições severas ao uso de componentes de origem chinesa e também antecipa o fim dos subsídios à produção de energia limpa. A proposta inviabiliza a revenda de créditos fiscais — uma das fontes de receita da Tesla — e pode representar uma perda adicional de até US$ 2 bilhões, segundo projeções.

Lobby de Musk e ofensiva contra mudanças tributárias

Diante do cenário adverso, Elon Musk intensificou sua atuação política. Desde que deixou o cargo de conselheiro da Casa Branca, o empresário tem se articulado nos bastidores para barrar a reforma tributária. Ele classificou a proposta como uma “aberração repugnante” e chegou a fazer um apelo direto ao presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, para preservar os incentivos ao setor de veículos elétricos.

Além disso, a divisão de energia da Tesla também se manifestou contra o projeto, alegando que o fim abrupto das políticas de incentivo à energia limpa coloca em risco a independência energética dos Estados Unidos e compromete a estabilidade da rede elétrica nacional.

Histórico e relevância dos incentivos para a Tesla

Os créditos fiscais agora ameaçados foram criados durante o governo do ex-presidente Joe Biden, como parte da Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês). A legislação tinha como objetivo fortalecer a cadeia produtiva doméstica de veículos elétricos e tecnologias limpas. A Tesla é uma das maiores beneficiadas por essas medidas, com uma presença industrial sólida em território americano — a empresa possui fábricas no Texas e na Califórnia, além de uma refinaria de lítio e unidades especializadas em baterias.

Com os incentivos vigentes, os Estados Unidos registraram um crescimento de 7,3% nas vendas de veículos elétricos em 2024, atingindo um recorde de 1,3 milhão de unidades, segundo a consultoria Cox Automotive. A retirada desses estímulos pode desacelerar significativamente esse avanço e afetar diretamente a Tesla, uma das líderes globais no setor.